sábado, 23 de outubro de 2010

Primeira exposição individual de Mariana Serri



Galeria Virgilio Em sua primeira exposição individual, Mariana Serri apresenta um conjunto de pinturas e fotografias nas quais somos confrontados com um estranho universo de paisagens em que paradoxalmente a intensidade das cores nos leva à experiência de um mundo silencioso, imóvel, simultaneamente próximo do que vemos, mas distante d...o real. Há algo de fantástico nesses trabalhos que nasce de uma observação de coisas relativamente banais, como frutas e legumes, ou paisagens que a artista encontra durante suas caminhadas, e que transfiguradas pelo uso muito intenso de cores saturadas passam a existir no aqui e agora. Seus trabalhos vivem um momento de anterioridade, no sentido em que não se deixam capturar pelo ritmo de uma narrativa contínua. Ou ainda, parecem reter da realidade cotidiana aqueles instantes de dilatação em que de repente presenciamos uma paralisação do tempo e do espaço, numa espécie de recorte transversal na superfície do mundo.



No caso de suas pinturas, esse tempo em suspensão é configurado a partir de contrastes muito marcados. Em primeiro lugar, Mariana Serri trabalha com articulações de cores fortes e muitas vezes estridentes, que em sua artificialidade dão à pintura um aspecto quase de objeto. Por outro lado, essas dissonâncias se revelam também nessa estranha convivência entre motivos tratados de forma realista e que são inseridos em campos chapados de cor, gerando lugares improváveis. E se na série de dípticos Talude, sugere-se uma certa continuidade entre as telas pela junção de um horizonte imaginário, há um constante deslocamento de assunto e perspectiva que rompe com qualquer noção de desenvolvimento linear espaço-temporal.

O que o conjunto revela então é a construção de um certo universo nonsense em que aproximações insuspeitas entre coisas e cores parecem querer reverter o significado usual do mundo. Há claramente aqui uma intenção que busca deslocar sentidos, estabelecer recortes e respiros. Como, por exemplo, nessas fotografias em que a partir da percepção de semelhanças pontuais entre as imagens, a artista constrói um novo lugar, uma nova estória, em que tudo é verossimilhante, mas numa ordem paralela a da realidade. Diante dos excessos discursivos de boa parte da arte que se faz hoje na busca de sentidos fechados e exatos, é dessa abertura para outras possibilidades de significação que o trabalho de Mariana Serri retira sua singularidade.

Taisa Palhares
ver mais - WE LIVE ON A MOUNTAIN - MARIANA SERRI

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Tels- (5511) 3061-2999 / 2373-2999
http://www.galeriavirgilio.com.br/

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