sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CERRADO EM EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA



Terra de índios, quilombolas, sertanejos, geraizeiros, agricultores familiares e povos de todos os tipos, no campo e nas cidades. Morada de lobos-guarás, tamanduás, tatus, emas, seriemas, tucanos e araras. Berço das águas das principais bacias hidrográficas do País, como as dos rios Amazonas, Tocantins, São Francisco e Paraná. Este é o Cerrado brasileiro, savana com a biodiversidade mais rica do planeta, que ocupa 22% do território nacional. Cenário de grande beleza natural e fonte de conhecimentos tradicionais passados através de gerações, o bioma é também palco de um acelerado processo de devastação. O desmatamento já ultrapassa os 20.000 km² por ano, o que significa o triplo da devastação anual na Amazônia atualmente. Metade de sua área total já foi destruída pela pecuária, eucalipto, soja e cana de açúcar, entre outros cultivos, voltados principalmente para exportação.

No rastro das transformações recentes pelas quais o Cerrado vem passando, este projeto busca trazer o olhar e a atenção da sociedade para a realidade deste rico e ameaçado bioma. Percorrendo os caminhos do norte de Minas Gerais, os encantos de terras indígenas no Tocantins, as monoculturas e campos do sul do Maranhão e ainda os arredores de Cristalina, em Goiás, maior pólo de agricultura irrigada por pivôs centrais do Brasil, o fotógrafo inglês Peter Caton capta com grande sensibilidade não só imagens, mas as mensagens profundas contidas em expressões, formas, luzes e cores.

Registros de um Brasil biodiverso, sociodiverso, megadiverso, que nos trazem o desafio de pensar o desenvolvimento do país com respeito aos povos e comunidades locais, com a valorização das florestas em pé e com geração de renda a partir de atividades sustentáveis como o agroextrativismo, que vem garantindo a manutenção de modos de vida tradicionais e a conservação do Cerrado.

O Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN, em parceria com Peter Caton, vem a público mostrar os resultados da primeira etapa deste projeto, que seguirá registrando no próximo ano as muitas caras e cores deste bioma em transformação.

A generosidade do Cerrado nos permite vislumbrar muitos caminhos. Cabe a nós apurar os sentidos e seguir pelas trilhas de um outro desenvolvimento, mais ético, mais solidário e mais sustentável.

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