sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Publicação multimídia e exposição com obras de Luiz Henrique Schwanke serão lançadas em Joinville nessa quinta-feira, 10/02

A Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew recebe o lançamento de Percurso do Círculo: Schwanke - séries, múltiplos e reflexões, edição da Contraponto e exposição Perfis e perfis: Entre Apolo e Dionísio, com obras do artista joinvilense e curadoria de Charles Narloch
Joinville, terra natal do artista Luiz Henrique Schwanke (1951-1992), recebe nessa quinta-feira, 10 de fevereiro, o lançamento da publicação multimídia Percurso do Círculo: Schwanke - séries, múltiplos e reflexões, editada pela Contraponto e organizada por Kátia Klock, Ivi Brasil e Vanessa Schultz. O evento acontece às 20h na Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew e marca também a inauguração da exposição Perfis e perfis: Entre Apolo e Dionísio, que traz um recorte do legado do artista joinvilense, com curadoria de Charles Narloch, apoio do Instituto Schwanke e Fundação Cultural de Joinville.
De acordo com o curador, a proposta é aproximar dois momentos distintos e marcantes da trajetória de Schwanke: pinturas produzidas durante a década de 1980, com exemplares ainda inéditos de sua fase mais conhecida, quando produziu mais de cinco mil peças retratando rostos em perfil; e a seriação de perfis plásticos, não figurativos, produzidos entre 1990 e 1991. “A relação entre estas fases distintas, aparentemente apenas na seriação compulsiva, pode ir além, e não apenas no duplo sentido da palavra ‘perfil’”, destaca Narloch. A mostra fica em cartaz de 11 de fevereiro a 25 de março, com visitação de segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 14h às 20h.
Percurso do Círculo foi realizado com os recursos do Edital de Cultura Elisabete Anderle (Governo SC). O livro já foi lançado em Florianópolis e São Paulo e esta primeira edição de mil exemplares conta com distribuição gratuita para bibliotecas, escolas, universidades, museus e críticos. A publicação é bilíngue (português/inglês) e tem o objetivo de expor e evidenciar um recorte dos processos de transformação da produção de Schwanke. A edição também resgata escritos deixados pelo artista em cadernos e diários e traz ensaios e artigos – atuais e de época – escritos por críticos de arte e estudiosos como Agnaldo Farias, Frederico Morais, Fabio Magalhães, Harry Laus e Néri Pedroso. Nadja de Carvalho Lamas, Charles Narloch, e Alena Marmo, também registram suas impressões. Encartado no livro há um DVD com o documentário À luz de Schwanke apresentado em duas versões (8min e 17min), também produzido pela Contraponto.
Interessados em adquirir a obra podem entrar em contato pelo e-mail editora@contraponto.tv
Informações técnicas sobre a publicação:
Percurso do Círculo: Schwanke - séries, múltiplos e reflexões
organização • Kátia Klock, Ivi Brasil e Vanessa Schultz
editora • Contraponto (www.contraponto.tv)
publicação multimídia . livro com DVD encartado
artigos inéditos e de época • Agnaldo Farias, Néri Pedroso, Fabio Magalhães, Frederico Morais e Harry Laus
apoio cultural • Edital Elisabete Anderle (FCC/Secretaria de Cultural, Turismo e Esporte, Governo SC)
apoio • Instituto Luiz Henrique Schwanke (Joinville, SC), Fundação Cultural de Joinville e Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew
páginas • 160
tamanho • 17,5 x 21cm
português • inglês
distribuição gratuita
Lançamento
Data: quinta-feira • 10 de fevereiro • 20h
Local: Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew (Rua Dona. Francisca, 800 - Saguaçu – Joinville/SC)
Com abertura da exposição Perfis e perfis: Entre Apolo e Dionísio, que traz um recorte do legado de Luiz Henrique Schwanke, com curadoria de Charles Narloch
Visitação: 11 de fevereiro a 25 de março, segunda a sexta-feira das 8h às 12h e das 14 às 20h.
Entrada Franca

Texto Curatorial - Perfis e perfis: Entre Apolo e DionísioPor Charles Narloch, curador

“É também diferente você fazer listras e serialismo com repetições de cores com materiais apropriados. É como beber água e vodka, são iguais na aparência, mas não a quem bebe! É como perfil e perfil.” (Schwanke, 1991)
Este recorte do legado de Luiz Henrique Schwanke propõe aproximar momentos bastante distintos e marcantes de sua trajetória. A presença de pinturas produzidas durante a década de 1980 traz à tona exemplares ainda inéditos de sua fase mais conhecida, de seriação intensa, quando o artista produziu mais de cinco mil peças retratando rostos em perfil.
No contraponto, propõe-se a aproximação dos perfis humanos às obras executadas com a seriação de perfis plásticos, não figurativos. Produzidos entre 1990 e 1991, estes trabalhos são notadamente revisionais da op art de Bridget Riley e Kenneth Noland, citados como fontes, dentre outras, pelo próprio artista. Schwanke, aliás, deixa claro em seus escritos que sua arte “procura a transformação do passado”.
Embora as duas fases nunca tenham sido mostradas juntas pelo artista, essa proximidade pela diferença é sugerida em sua carta a Frederico de Moraes, de 1991, parte dela transcrita no início deste texto. Mas a relação entre estas fases distintas, aparentemente apenas na seriação compulsiva, pode ir além, e não apenas no duplo sentido da palavra “perfil”.
Em dois trechos da carta a Frederico, Schwanke comenta suas obras com perfis plásticos que, para ele, revisitam artistas referenciais da história da arte recente de maneira diferente, “concreta e dionisíaca”. A citação é no mínimo curiosa e estimulante ao pensamento. Para Nietzsche, Dionísio e Apolo eram pólos complementares de uma essência que mantém o equilíbrio das coisas e da própria vida. O emocional, o sensível e o inebriante das ações dionisíacas devem ser tornados objetivos e moderados pelas impressões apolíneas, introspectivas e realistas.
Schwanke cita que uma de suas obras de perfis plásticos poderia permitir uma leitura interpretativa ligada à “conquista da morte como um encontro trágico, dionisíaco”. Como nas obras de Riley, estes perfis vibram ao olhar e produzem um efeito óptico, que ele, no caso, compara à fibrilação do coração no momento do enfarto.
E Apolo, onde estaria? Talvez, podemos imaginar que possa estar nos perfis anteriores, de rostos humanos desfigurados, pintados à exaustão pelo artista na década anterior aos plásticos. Não se sabe o que significam, mas parecem carregados de uma consciência fortemente apolínea, de finitude, de reconhecimento às fragilidades humanas. Apolo, o deus da beleza e da perfeição, é também o da morte súbita, das doenças e das pragas que só ele detém o poder da cura. Mais uma vez, Schwanke nos aprisiona em uma de suas tantas armadilhas poéticas. É bom sentir-se assim, mergulhados na viagem do pensamento, vivendo intensamente nossas contradições.

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