quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

“Um lugar de morada”

Um artista, duas exposições A Gravura Brasileira expõe a partir do dia 19 de fevereiro duas séries de trabalhos de Luciano Bortoletto.
apresenta caixas com personagens que compõem diversas situações. “Antes, depois e agora” reúne gravuras criadas a partir da apropriação de imagens elaboradas por outro artista, Guilherme Cota, que cedeu suas placas de metal. 19 de fevereiro a 28 de março de 2013 Um lugar de morada Quatro personagens e seus inúmeros múltiplos habitam as caixas de morar de Luciano Bortoletto. Ele são gravados em metal e, após a impressão, ganham sinais particulares – uma pincelada de nanquim, uma subtração de uma parte do corpo por um recorte inesperado, um acréscimo por justaposição de imagens. São marcas pessoais que, somadas à imagem inicial, definem melhor cada um destes indivíduos. Eles se agrupam em objetos de madeira e vidro que funcionam como um abrigo, uma casa, um lugar de morada, mas também como uma vitrine. Reunidos, formam um conjunto coeso, apesar de suas diferenças, e encontram um local onde conviver. Apresentam-se, assim, em um ambiente coletivo e aparentemente protegido. Estão expostos, porém, à visão do observador. Este também se vê em algumas caixas, refletido parcialmente pelos espelhos que aparecem aqui e ali. Dentro dos seus abrigos, os personagens veem e são vistos. A leitura que temos deles é fragmentada, assim como a visão de nós mesmos. Nessa troca de olhares, o espectador pode ingressar em outro universo em busca do que está oculto em nós – algo como observar a própria incompletude humana. A partir da disposição das imagens e da construção dos objetos é possível estabelecer uma série de relações, como entre aproximação e distanciamento, brilho e opacidade, identidade e anonimato, individual e coletivo, parte e todo, repetição e criação. Ao longo da vida, elegemos e habitamos diversas moradas. É nessas instâncias que nos relacionamos, nos apresentamos e representamos. Elas guardam nossas histórias e memórias. Pensar e repensar, entrar, sair, parar, reparar, entender, desentender... São atos como estes que podem responder às perguntas evocadas pelas imagens em cada caixa de morar. Antes, depois e agora As estampas aqui reunidas têm como base as placas de metal gravadas inicialmente pelo artista e gravador Guilherme Cota. Por motivos variados, ele se desfez das mesmas e cedeu-as ao amigo e também gravador Luciano Bortoletto. A partir da apropriação dessas imagens, Bortoletto lidou com a memória pré-existente nas placas e acrescentou outras informações visuais. Desse modo, linhas, planos e histórias diversas coabitam em novas imagens. O embate sobre uma imagem já existente leva a um confronto de poéticas que podem conviver em um mesmo plano visual, construído em tempos diferenciados e apresentado agora. Luciano Bortoletto Natural de Igarapava, SP, vive e trabalha em São Paulo. É formado em Artes Plásticas, com especialização em gravura em metal. Lecionou na ESPM e criou a Oficina de Outdoor, núcleo de pesquisa de criação de imagens. Suas exposições mais recentes de gravura incluem a individual “Apropriações indébitas”, na Graphias - Casa da Gravura, em São Paulo (2012), e a participação na V Bienal Nacional Olho Latino, em Atibaia, SP (2011); III Bienal de Gravura de Santo André (prêmio aquisição em 2010); e X Biennale Internazionale per L’Incisione, em Acqui Terme, Itália (2009). Trabalha também com outros suportes, que expôs em individuais recentes na Galeria Concreta (São Paulo, 2011), Espaço Cultural Cristal (São Paulo, 2010), Casa de Cultura de Igarapava (Igarapava, SP, 2010) e Casa do Salgot (Piracicaba, SP, 2010).

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