Disseminar a prática da leitura

por Ítalo Puccini*

Por gostar tanto de ler, envolvo-me em alguns projetos relacionados à prática da leitura, à sua possível disseminação, ao estudo do que as pessoas costumam ler, aos motivos que as levam a buscar determinadas leituras, à frequência com que há o contato com algum material de leitura. E faço esse movimento com o objetivo, mesmo, de propor algumas reflexões acerca desse ato tão comentado, dito tão importante para as pessoas, praticado, mas tão pouco demonstrado.
O Carlos Henrique Schroeder, escritor e editor aqui de Jaraguá do Sul, nas oficinas e cursos de formação de escritores, sempre bate na tecla de que as pessoas devem criar cenas de leitura: andar com os livros à mostra, estampar revistas e jornais que tanto folheiam, escancará-los mesmo. Mostrar-se através do que se está lendo. E eu concordo com ele. Para que a prática da leitura se dissemine é preciso colocar a cara a tapa, fazer circular obras e materiais de leitura, chamar a atenção dos demais para isso.
Escrevi nesse espaço, no artigo anterior, que a leitura deve se tornar uma prática consciente realizada pelo sujeito, e não um hábito, e não algo mecanizado. E, para que isso aconteça, são necessárias as tais cenas de leitura ditas pelo Carlos. E é aí que retomo a ideia dos círculos de leitura, e tenho arriscado algo assim. Por exemplo, como sou bolsista-pesquisador pela Univille, onde estudo Letras, desenvolvo uma atual pesquisa em que minha proposta é a de realizar Círculos de leitura com alunos do Ensino Médio de algumas escolas, com o objetivo principal de disseminar essa prática do ato de ler, de tornar a leitura algo mais presente no dia-a-dia das pessoas.
É necessário pensá-la para além do livro, para além daquela situação de isolamento. A leitura também é conversa, é interação entre leitor e texto, entre leitores e leitores. E outros movimentos como este, que têm acontecido em bibliotecas, livrarias, e escolas, aqui em Jaraguá, comprovam isso.

* Professor de Literatura e Estagiário de biblioteca.